terça-feira, 30 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Despite all my rage, i am still just a rat in a cage

Depois do almoço de hoje corri para o aeroporto e embarquei para São Paulo. Motivo? Ver o show da banda Smashing Pumpkins, divisor de águas na minha percepção e afinidade musical, que há mais de 10 anos não vem ao Brasil. Vôo tranquilo, a turbulência estava apenas em minha cabeça. Ao pousar fui direto ao Play Center (não existe Beach Park por lá) simulando uma verdadeira maratona cuja premiação será ficar com o peito pressionado à uma grade, aquela barreira física que mantém um fã pelo menos a um distância segura de seu ídolo, mas suficiente para que os olhos e a imaginação possam fluir através do palco. São exatamente 4 horas da tarde e a apresentação está marcada para a meia noite. Sem problemas. Para quem já esperou quase três longas horas para uma consulta médica entediante, esse intervalo de tempo para vivenciar um momento de puro deleite passará em poucos minutos. Como disse, quando olhei o relógio já eram 11 horas. O calor era intenso, o metro quadrado já tinha sido reduzido a decímetros, meus movimentos já estavam limitados, as pernas emitiam também alguma informação, mas meu cérebro não a processava de maneira consciente. Circunstâncias perfeitas para um show de rock!!! E começou!!! Gritos, suor, lágrimas, braços, troncos e cabeças convulsivas, guitarras distorcidas, vocal poderoso, são eles...vieram...carne e osso...que riff...clááássico...fooooodaaaa....No empurra-empurra acabei caindo e bati a cabeça na grade. Fiquei desacordado talvez por alguns segundos. Quando abri os olhos, tudo escuro, frio e duas mulheres fudendo na minha frente. Porra, perdi o show!!! Nada. Acordei na hora!!! Corri, mas para o monitor do computador. Esse incidente durou apenas duas músicas. Desliguei a orgia para entrar na outra. Gás total, high definition e chat instantâneo na rede social!!! Ainda bem que a tecnologia dá algumas compensações para aqueles que não podem estar presentes em eventos, mas por quê não fui? Como um fã pode negar sua presença para um ídolo? Atitude zero...à esqueda. Mas será que Billy Corgan está chateado por isso? Interessante esse relacionamento, tão íntimo a ponto de declarar que salvou minha vida (por enquanto), etc, mas ao mesmo tempo tão distante, por não ter uma reciprocidade específica. Tenho todos os CDs, DVDs, bootlegs, algumas camisetas e depois de dez anos, uma condição financeira melhor, mas não fui! Enfim, busquei desculpas plausíveis para me confortar (e existem, claro, mas gostaria de ter incorporado a figura do fã incondicional para o qual as conseqüências de suas decisões justificam-se e são minimizadas diante do ídolo). Apesar disso, curti o show no “frontstage”, na solidão compartilhada por outros milhares de fãs, pude ver solos épicos (sonhando com o dia que estarei com um nível pelo menos semelhante), a reação da platéia e ao final de tudo, senti-me algo recompensado. Clássica promessa: da próxima vez, eu vou. Vida longa para nós, Billy!

PH

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Hoje ao chegar no trabalho me deparo com uma funcionária do setor com o rosto que denunciava lágrimas derramadas. Na tentativa de abordá-la da maneira mais ética e tranquila possível para saber em que eu poderia ajudar, interveio uma professora do lado, com ar de censura em direção a mim, como se eu fosse uma criança ou por se tratar de algum assunto impróprio para menores! Meu olhar fulminante de reprovação por aquele gesto foi o suficiente para que eu soubesse realmente o que estava acontecendo. O irmão da recepcionista havia tentado o suicídio engolindo chumbinho, devido provavelmente a uma decepção amorosa. Após o choque inicial ao receber úma notícia dessa espécie, muita coisa veio à minha cabeça. É válido morrer deliberadamente por amor? Creio que não, apesar de muitos poetas considerarem o contrário. Alguns meses atrás, em conversa com um colega, colocamos essa questão em uma outra perspectiva: a morte como possível consequância de um ato que vise a proteção de sua descedência. Em outras palavras, um instinto animal que representa o verdadeiro amor incondicional: filhos. E a morte por si só é solução para um problema? Pra quem vai, sob um determinado ponto de vista macabro, até que sim. Contudo, é uma atitude egoísta que proporciona para quem fica a amplificação à enésima potência desses problemas (além de marcas irreparáveis).  Falta de Deus ou ausência da família contribuem para essa decisao? Pode ser, mas o excesso desses fatores também são relevantes. Mimos e desinteresse, super-proteção e desprezo, militancia religiosa e descrença. Entra nesse contexto o grande desafio do equilíbrio e de saber educar para a VIDA, apesar das grandes tentações para a morte. Não vou negar que já tenha passado em minha cabeça pensamentos turvos, obscuros e equivocados (achando inclusive que tinha motivos para isso). Mas agora quero um morte simbólica: a ruptura com tudo aquilo que me prejudica, maltrata, para fazer valer a pena um coração pulsando e um cérebro funcionando, permitir a vida em sua plenitude.
PH