segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Hoje ao chegar no trabalho me deparo com uma funcionária do setor com o rosto que denunciava lágrimas derramadas. Na tentativa de abordá-la da maneira mais ética e tranquila possível para saber em que eu poderia ajudar, interveio uma professora do lado, com ar de censura em direção a mim, como se eu fosse uma criança ou por se tratar de algum assunto impróprio para menores! Meu olhar fulminante de reprovação por aquele gesto foi o suficiente para que eu soubesse realmente o que estava acontecendo. O irmão da recepcionista havia tentado o suicídio engolindo chumbinho, devido provavelmente a uma decepção amorosa. Após o choque inicial ao receber úma notícia dessa espécie, muita coisa veio à minha cabeça. É válido morrer deliberadamente por amor? Creio que não, apesar de muitos poetas considerarem o contrário. Alguns meses atrás, em conversa com um colega, colocamos essa questão em uma outra perspectiva: a morte como possível consequância de um ato que vise a proteção de sua descedência. Em outras palavras, um instinto animal que representa o verdadeiro amor incondicional: filhos. E a morte por si só é solução para um problema? Pra quem vai, sob um determinado ponto de vista macabro, até que sim. Contudo, é uma atitude egoísta que proporciona para quem fica a amplificação à enésima potência desses problemas (além de marcas irreparáveis).  Falta de Deus ou ausência da família contribuem para essa decisao? Pode ser, mas o excesso desses fatores também são relevantes. Mimos e desinteresse, super-proteção e desprezo, militancia religiosa e descrença. Entra nesse contexto o grande desafio do equilíbrio e de saber educar para a VIDA, apesar das grandes tentações para a morte. Não vou negar que já tenha passado em minha cabeça pensamentos turvos, obscuros e equivocados (achando inclusive que tinha motivos para isso). Mas agora quero um morte simbólica: a ruptura com tudo aquilo que me prejudica, maltrata, para fazer valer a pena um coração pulsando e um cérebro funcionando, permitir a vida em sua plenitude.
PH

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